O SIGNIFICADO DA PÁSCOA NA BÍBLIA, VERSÍCULOS DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTO QUE ABORDAM O TEMA
Significado da páscoa segundo a Bíblia sagrada, versículos do antigo e novo testamento que abordam o tema desde suas origem e interpretações
A Páscoa na Bíblia: Do Êxodo ao Sacrifício de Cristo
A Páscoa é uma das celebrações mais significativas da fé cristã, mas suas raízes são profundas e complexas, estendendo-se por toda a Bíblia Sagrada. Do Antigo ao Novo Testamento, a Páscoa evolui em significado, mantendo, no entanto, a mesma essência: a libertação e a redenção de um povo. Originalmente um evento judaico, a Páscoa se transforma com a morte e ressurreição de Jesus Cristo, ganhando um novo e profundo significado para os cristãos. Esta jornada bíblica da Páscoa é uma narrativa poderosa sobre a intervenção divina, o sacrifício e a promessa de vida eterna.
As Origens no Antigo Testamento: A Páscoa Judaica
A história da Páscoa começa no livro de Êxodo, no Antigo Testamento. Israel, descendente de Jacó, havia se tornado escravo no Egito por centenas de anos. O faraó, temendo o crescimento de sua população, os oprimia severamente. Em resposta às orações de seu povo, Deus levanta Moisés para libertá-los. Após o faraó endurecer seu coração e se recusar a libertar os israelitas, Deus envia uma série de dez pragas sobre o Egito. A Páscoa, ou Pesach em hebraico, é estabelecida durante a décima e última praga.
O livro de Êxodo detalha os preparativos para a Páscoa. Deus instrui Moisés e Arão a darem as seguintes ordens ao povo: “No décimo dia deste mês, cada homem deve pegar um cordeiro ou um cabrito para a sua família, um por cada casa.” (Êxodo 12:3). O cordeiro devia ser sem defeito, macho e de um ano de idade. No dia catorze do mesmo mês, toda a congregação de Israel deveria sacrificar o cordeiro ao entardecer. O sangue do cordeiro deveria ser aspergido nas duas ombreiras e na viga superior da porta das casas onde o cordeiro seria comido.
A razão para essa instrução é revelada em Êxodo 12:12-13: “Passarei pela terra do Egito, nesta mesma noite, e matarei todos os primogênitos dela, tanto de homens como de animais; e executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. O sangue servirá de sinal para vocês, nas casas em que estiverem. Quando eu vir o sangue, passarei adiante. A praga de destruição não os atingirá quando eu ferir o Egito.” O sangue na porta de cada casa era um sinal de proteção divina, uma barreira que impedia o anjo da morte de entrar.
A refeição em si também era cheia de simbolismo. O cordeiro deveria ser assado no fogo e comido com pães sem fermento e ervas amargas. O pão sem fermento (ázimos) simbolizava a pressa com que os israelitas saíram do Egito; não havia tempo para a massa crescer. As ervas amargas representavam a amargura da escravidão. Os israelitas deveriam comer a refeição vestidos e prontos para a viagem, com os sapatos nos pés e os cajados nas mãos, simbolizando a iminência de sua libertação.
O Senhor então instrui Moisés a fazer da celebração uma ordenança perpétua para as gerações futuras de Israel, comemorada anualmente: “Este dia será um memorial para vocês. Vocês o celebrarão como festa ao Senhor, de geração em geração; é uma lei perpétua.” (Êxodo 12:14). A festa dos Pães Asmos, que durava sete dias, era celebrada imediatamente após a Páscoa, reforçando a lembrança da libertação e do êxodo do Egito.
A Páscoa judaica, portanto, é a celebração da libertação da escravidão, da redenção do povo de Israel por Deus, e do cumprimento de suas promessas. Ela se torna o principal evento comemorativo da identidade israelita, um lembrete do poder e da fidelidade de Deus em salvar seu povo.
Do Antigo para o Novo Testamento: A Profecia se Cumpre
Embora a Páscoa seja uma celebração do Antigo Testamento, sua importância não diminui no Novo. Pelo contrário, ela é o pano de fundo para o evento mais crucial da história da salvação cristã: a morte e ressurreição de Jesus Cristo. O Novo Testamento apresenta Jesus como o cumprimento de todas as promessas e profecias do Antigo Testamento, e o cordeiro da Páscoa é uma das mais proeminentes delas.
João Batista prepara o terreno para essa compreensão. Ao ver Jesus se aproximar, ele exclama: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (João 1:29). Esta declaração é uma das primeiras a associar Jesus ao cordeiro de sacrifício, não mais para a libertação de uma nação da escravidão física, mas para a libertação da humanidade da escravidão do pecado.
A morte de Jesus ocorre durante a semana da Páscoa judaica, um fato significativo para os autores dos Evangelhos. Nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), a última ceia de Jesus com seus discípulos é retratada como uma refeição da Páscoa. Em Lucas 22:15, Jesus diz: “Tenho desejado ansiosamente comer esta Páscoa com vocês, antes de sofrer.” Durante esta ceia, Jesus reinterpreta a refeição da Páscoa, dando a ela um novo significado. Ele pega o pão e o vinho, elementos tradicionais da ceia da Páscoa, e os associa ao seu próprio corpo e sangue.
“Então pegou o pão, deu graças, partiu e deu aos discípulos, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vocês. Façam isso em memória de mim.’ Da mesma forma, depois de comer, pegou o cálice e disse: ‘Este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês.’” (Lucas 22:19-20).
Essa nova aliança, selada pelo sangue de Jesus, substitui a antiga aliança, selada pelo sangue dos cordeiros. O cordeiro do Antigo Testamento era um símbolo de um sacrifício anual, mas Jesus é o sacrifício perfeito e definitivo. Ele é o Cordeiro pascal que não só protege do juízo, mas também tira o pecado.
O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos coríntios, reforça essa ideia de maneira explícita: “Limpe-se do velho fermento, para que vocês sejam nova massa, já que, de fato, são sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro da Páscoa, foi sacrificado.” (1 Coríntios 5:7). Ele compara a pureza do pão sem fermento com a pureza que os cristãos devem ter, agora que Cristo, o verdadeiro Cordeiro da Páscoa, foi sacrificado por eles.
O Novo Significado: Morte, Ressurreição e Redenção
O significado cristão da Páscoa não se restringe apenas à morte de Jesus, mas se completa com sua ressurreição. A crucificação de Jesus na sexta-feira da Páscoa é o sacrifício que liberta a humanidade do pecado e da morte. A ressurreição, no domingo, é a prova final de que o sacrifício foi aceito por Deus e que a vida venceu a morte.
A ressurreição é o coração da fé cristã. Como Paulo escreve em 1 Coríntios 15:17-19: “Se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é inútil, e vocês ainda estão em seus pecados. E os que morreram em Cristo estão perdidos. Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” A ressurreição de Jesus transforma a Páscoa de uma celebração de libertação física para uma celebração de libertação espiritual e da promessa de vida eterna.
O sacrifício de Jesus é o antítipo do cordeiro pascal. O cordeiro do Êxodo foi um sacrifício para salvar os primogênitos de Israel. O sacrifício de Jesus, por sua vez, é um sacrifício universal para a salvação de toda a humanidade. O sangue nas portas dos israelitas era um sinal de que a morte passaria adiante. O sangue de Jesus na cruz é o sinal de que a morte foi vencida, e a vida eterna está disponível para todos que creem.
A Páscoa cristã, portanto, é a celebração do sacrifício de Jesus, de sua morte expiatória, de sua vitória sobre a morte e o pecado, e da promessa de uma nova vida. Ela é um lembrete anual de que a verdadeira escravidão não é a opressão física, mas a opressão do pecado. E a verdadeira libertação não vem de um líder humano, mas de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus.
A Páscoa na Prática Cristã: Reflexão e Comunhão
A celebração da Páscoa no cristianismo é um tempo de profunda reflexão, alegria e comunhão. A Semana Santa, que culmina no domingo de Páscoa, é um período de luto pela morte de Cristo e de celebração jubilosa por sua ressurreição.
Versículos como João 3:16 resumem a essência da Páscoa cristã: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Este versículo, embora não mencione a Páscoa diretamente, encapsula a razão do sacrifício de Jesus, o ponto central da celebração pascal.
A Páscoa nos convida a examinar nossas vidas e a nos arrepender de nossos pecados. Assim como os israelitas foram chamados a se libertar da escravidão do Egito, os cristãos são chamados a se libertar do domínio do pecado e a viver uma nova vida em Cristo. A Páscoa é um tempo para lembrar o preço que foi pago por nossa redenção e para celebrar a esperança que temos em um futuro com Deus.
Em resumo, a Páscoa, segundo a Bíblia Sagrada, é uma jornada de fé que começa com a libertação de um povo da escravidão física e culmina na libertação de toda a humanidade da escravidão espiritual. Ela nos mostra a fidelidade de Deus em cumprir suas promessas, o amor supremo de Cristo em dar sua vida e o poder da ressurreição que garante a vitória final sobre a morte. É uma história de sacrifício, redenção e a promessa de vida eterna para todos que creem.
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